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O que vale é os lucro

Mutange e Bebedouro são dois dos quatro bairros de Maceió atingidos pelos problemas geológicos consequência de mais de 40 anos de extração de salgema pela mineradora Braskem.

Esses bairros são habitados por população de baixa renda, com parte de suas residências em encostas. Com moradias em áreas de risco, essas pessoas levantaram ali mais do que paredes, muito mais do que abrigos para as suas famílias. Elas construíram sonhos, ergueram esperanças, universo flagrado no cuidado com que mantinham suas casas, que na simplicidade eram seus palácios.

Décadas de exploração do subsolo por uma subsidiária da Odebrecht, sob a conivente e duvidosa fiscalização de órgãos públicos, resultaram em rachaduras aparentes que ameaçam derrubar construções, inviabilizam trânsito de veículos, impedem circulação de trens, afetando drasticamente a vida de milhares de famílias.

Obrigados a desocuparem suas moradias, muitos sem qualquer garantia de compensação material, os “atingidos pelas rachaduras” se veem irremediavelmente prejudicados. São famílias separadas, vizinhanças desfeitas, histórias deixadas para trás.

Esse trágico desfecho tem um agravante. Aquelas pessoas, com nome e sobrenome, têm a sensação de que suas vidas não importaram ante a perspectiva do lucro empresarial, cujos beneficiários finais, privados e públicos, seguem incólumes, sob o segredo da impunidade.

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